Saturday, February 19, 2005

O Paraíso da Minha Mente

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Há murmúrios que embatem nas nossas cordas vocais. Lembrei-me disto, porque quando estou deitado com alguém acabo sempre por lhe murmurar ao ouvido, tornar ainda mais íntima a intimidade da nudez. Sinto muitas vezes esses murmúrios involuntários, que roçam as nossas cordas vocais, que as vibram de mansinho, como as cordas de uma viola tangidas pelo aro.
Por muito que oiçamos vozes lindas nos transístores ou válvulas dos rádios, nada consegue ser mais bonito que uma voz com contornos de bambú.

Falei do paraíso da minha mente porque, faz apenas alguns dias que estive a tirar estas fotografias. Um passeio matinal nos jardins da Fundação Gulbenkian. Apesar de ser Janeiro, estava no ar um odor primaveril que nascia nas árvores e desembocava nos pequenos lagos dispersos por todo o jardim. Ainda tentei a biblioteca, mas a rua estava tão mais apetecível, sentia-se na relva, nas árvores um chamamento élfico, uma melopeia ao amor.

Nos jardins das vozes que só eu ouvia, encontrei o meu paraíso, encontrei um caminho rápido, uma sinapse escondida que me leva a um mar de memórias às quais hei-de sempre querer ter acesso.
Encontrei a sinapse olfactiva, versão memória sensitiva.
Daí o paraiso; daí a mente.

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