Sunday, May 15, 2005

Madrugada Sentimental

Não quero ver as horas, sei que é cedo. Merda, é demasiado cedo. Dorme que consegues, força-te a dormir. Agora não te podes mexer até a dormeceres. Nem um dedo.

É mesmo cedo. São nove horas da manhã. Dormi seis horas, melhor que ontem, acordei às sete, dormi menos uma hora. E acordei igualmente cansado. Nessa altura já o cérebro manda e comanda: fazem-se listas de afazeres, de telefonemas, pessoas, recados, gravações, escritas. Listagem cerebral precisa, já que a caneta e o papel disso não se encarregaram. O cérebro desperto atenta à inèrcia do corpo que se não mexe: um funcionário público descontente e incompetente. Ainda é cedo, não chegou a hora de picar o ponto, faltam quinze minutos: já me levanto, diz o corpo, já vou fazer café para bebermos junto ao computador.

Hoje de manhã pousei a caneta e rasguei a lista. Pensei que hoje não faria nada do que estada listado, planeado, planificado, tudo pronto a ser avaliado caso fosse concretizado. Hoje tiveram folga, corpo e cérebro. Apesar de já acordado não me mexi da cama, nem tão pouco deixei que o cérebro fervilhasse de ideias que obriga o corpo a escrever no papel.

Encolhido na cama quente, entre lençóis e cobertores, dediquei a manhã a quem mais quero. Discorri com a doçura primaveril, cada momento passado, cada risada, cada toque de lábios. Ter-me-ei entregue ao corpo com o corpo. Ter-me-ei entregue ao amor com tudo o que preenche as minhas entranhas, acho que é assim que o amor deve ser.
Falei-lhe ao ouvido, cheirei-lhe os lóbulos, passeei no corpo, fizemos amor. Isto no momento em que o cérebro dormitava, o corpo languescia e eu pensava em ti.
Na minha madrugada, às nove horas da manhã de hoje.

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