As coisas que não me acontecem por acaso
Chegado de um bar a que não queria ir. Encontrei uma pessoa que não esperava encontrar.
Há alguns meses atrás tinha o hábito de ir a um clube, uma espécie de sociedade resistente dos tempos da ditadura. Hoje em dia não tem nada a ver com isso; transformou-se no extremo oposto, é um local onde se encontram os pretensos intelectuais e artistas, drogados que não têm onde cair. Gosto de lá ir, pelo ambiente, pelas fotografias, pelos bancos e pelos sofás, pela convidativa varanda que cheira flores quando chega a Primavera.
Houve uma altura, há alguns meses atrás que fechou. Obras, edifício antigo - com capela e balneário - remendos no tecto e numas outras salas que estão vedadas aos não-sócios, tal é a minha condição. Continua a ser um clube, os critérios de admissão é que se alteraram.
Quando fechou passei a ir a outro bar. Uma espécie de tertúlia de esquerda, onde mais uma vez se encontram os pretensos intelectuais e artistas, despejados do anterior local. Nesse mês de interregno, reparei numa das barwoman. Uma mulher bem mais velha. Sorria-me sempre e eu sorria-lhe de volta. Uma vez teve a ousadia de me piscar o olho; dessa vez eu sorri e tive a ousadia de lhe responder ao piscar de olho.
Arrastaram-me a um bar a que não queria ir. Não porque estivesse embriagado ou que quisesse beber mais. Não tinha sono e apetecia-me continuar na rua, eis as razões pelas quais acedia entrar em tal antro. Encontrei essa mulher que me piscou o olho; respondi. Estivemos alguns minutos de conversa, entre sorrisos.
E fui-me embora, prometeu pagar-me um copo no local onde trabalha.
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