Multiculturalidade Ibérica
Tentando não sucumbir à rotina modorrenta alentejana, tento alimentar a minha vida de pequenos episódios que me fazem não perder o tino, ou pelo menos o sentido da vida.
Afogava as minhas mágoas da distancia germânica em cerveja portuguesa; infelizmente ainda não tenho dinheiro para comprar vodka nem um médico amigo que me receite valium 10 para conseguir sobreviver, ou pelo menos entorpecer-me o suficiente para me não lembrar de nada.
E estava nos aniversário de um amigo.
E estava sentado numas escadas, na entrada de um bar, com alguns amigos. Maldita província e falta de dinheiro. Nem mulheres bonitas nem vodka. Apenas a morte lenta da cerveja com alguns momentos de verticalidade devido ao efeito diurético.
Entram, de rompante, mulheres. Mulheres gordas, mulheres magras, mulheres feias, mulheres bonitas, mulheres maduras, mulheres verdes, mulheres crianças, mulheres velhas, entram mulheres, muitas mulheres de rompante, mulheres espanholas.
Todas as pessoas do sexo masculino com que me encontrava debutaram diversos comentários. Reconheço que os decotes e as calças brancas possam ser apelativos, a pele acobreada pode dar vontade de tocar. Um sem número de mais valias femininas. Os comentários às mulheres eram de índole diversa; optei por ficar calado, não sou um virtuoso e eloquente participante dessas rodas.
Afastaram-se de nós percebendo o teor brejeiro e popular dos comentários
Continuei calado. Distraído com o cigarro que estava a enrolar, senti no braço um toque muito suave, quase angelical, etéreo. Olhava para mim com uns grandes olhos, um sorriso, cabelos pretos e pele pigmentada de sol e sal.
Ganhei um obrigado mas perdi duas mortalhas e nem sequer fui convidado.
1 Comments:
não há nada como saber estar calado!!
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