O diabo saiu à rua
Dia bonito, ontem. Dia de sol quente e ar fresco.
Tinham-me sugerido, antes de ir para o FIAR em Palmela, uma ida à praia. Parecia-me muito bem, ver o mar sentir aquele cheiro e o sabor a sal que se entranha nos lábios, na pele. Saí de Lisboa em direcção à aldeia do Meco, para um meio de tarde na companhia das ondas e da mão que procurava a minha.
Sentados no areal, bem em frente às ondas, com a areia húmida a molhar as calças e o vestido, conversávamos. O vento corria fresco, frio de mais. O que não era mau de todo, muito pelo contrário: ela abraçava-se a mim procurando um pouco de calor, algo reconfortante, uma mescla de segurança e protecção. Estávamos os dois bem conscientes do nosso papel de rapaz e de rapariga; ou de homem e mulher. Pelo menos no que se refere e esse jogo giro da sedução.
E as ondas enviavam-nos o cheiro a mar, a conversa era sussurrada ao ouvido, a praia estava quase vazia. Restávamos nós, a nossa conversa, a brisa fresca do mar, o cheiro das ondas.
O momento estava a ser perfeito, não poderia querer mais da vida do que estar abraçado a quem gosto à beira mar, com as calças cheias de areia, os pés descalços e o vestido um pouco subido.
As horas passavam, dolentes e doces. Também para mim a vida é boa: sorri-me. Acho que até sou simpático, sorrio-lhe de volta.
Levantei-me, o tempo tinha sido traidor. As calças estavam molhadas, o vestido subido também.
Corremos para o carro e para Palmela. Íamo-nos atrasando, filas enormes à nossa frente, filas de biquinis e fatos de banho, toalhas dentro de automóveis. E nós cada vez mais longe no tempo. Chegámos o espectáculo tinha sido atrasado, adiada a última sessão para as nove horas. Afinal “O Natal É Todos Os Dias”. Pelo menos para nós e para o boneco de neve e anjo que representavam.
Levei a mão ao bolso e lembrei-me de uma combinação antiga; tinha a chave do carro dos meus pais. Sorri para dentro e esse sorriso deve ter saído para for aporque me perguntaram
“Porque é que te estás a rir?”
“Tenho a chave da carrinha dos meus pais no bolso,” – que como bons pais, assim como eu sou bom irmão, tinham ido ver a representação da minha irmã – “ e se a mudássemos de lugar ia ser uma partida dos diabos, não achas?”
“Não, acho que ia ser uma partida do diabo.”
2 Comments:
Ah seu malandreco!!! ;)
Pra mim?! Vodka, com duas pedras de gelo.
Vamos lá então brindar ao diabo...em figura de gente!
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