Saturday, April 16, 2005

Hermenêutica do Crescimento

Às vezes nem sabemos bem porque é que estamos tristes. Damos voltas e voltas à cabeça e não chegamos a lugar algum. É preciso vir alguém que nos comece a perguntar coisas, a questionar, a puxar por nós bem de lá do fundo para que nós próprios, com o decorrer da conversa consigamos entender o que conosco se passa.
Não estou triste, nem nada que se pareça: sinto até que estou bastante desperto para tudo, sinto que me começo a desembaraçar de muitas coisas antigas, qe começo a desfazer nós que há muito estavam atados - e que força tinham eles. Fico feliz por me estar a resolver a fazer todas estas coisas. ê

Há no entanto algo que muito me preocupa: quanto mais desfaço nós e me desembaraço deles, mais descubro. Descubro que muitas coisas tenho para resolver, que há muito mais que isto, que estas pequenas mudanças são apenas do início de algo que há-de ser bem grande. O quê? Não sei!, bem talvez já saiba uma coisa ou outra. No entanto é assustadora a dimensão a que deixei isto chegar, o efeito bola de neve acompanha-me desde os doze anos; e se algumas vezes dei sete passos para a frente outras tantas dei doze trás.

O que percebo é que à vezes crescer é muito mais complexo que acumular anos. Sempre me dei mal com a mudança, nunca fui muito adepto desta prática, adiando-a sempre que possível. E quando percebemos que a não queremos mais adiar. quando com ela nos sentimos bem; quando com isto percebemos que já tão diferentes somos. Há alguns dias escrevi sobre há quatro anos, ontem conversei sobre há um ano atrás; foi tão complicado reviver um período tão conturbado, tão nebulado e inebriado. Não foi um bom período, fui um período de adiamento, agora vejo-o. Na altura não. felizmente já foi há um ano e daqui a quatro terá sido há cinco. è bom olhar para trás e perceber que bom não foi.
É bom olhar para trás e sentirmo-nos melhores.

É bom poder ter conversas difíceis e depois sentirmo-nos mais leves.
É bom que os lambam as cicatrizes; mas melhor é lamber as de quem gostamos.

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