Saturday, October 15, 2005

Sem título #1

«E todas as vezes depois de satisfeita a paixão e renovado o amor, dormimos muito juntinhos sem querer saber onde começa um e acaba o outro, nem de quem são estas mãos ou estes pés, numa tão perfeita cumplicidade que nos encontramos nos sonhos e no dia seguinte não sabemos quem sonhou com quem, e quando nos movemos entre os lençóis o outro preenche os ângulos e as curvas, e quando um suspira o outro suspira, e quando um acorda o outro acorda também.»
Isabel Allende, “Paula” (1994)

Quando as palavras se esgotam em nós, recorremos aos outros, que as já utilizaram com maior mestria para explicar ponto por ponto, pinta por pinta, aquilo que nós sentimos e queremos dizer. E nessa altura, remetemo-nos ao silêncio, pedindo licença para fazer das suas palavras, nossas também.

3 Comments:

Blogger Joana said...

é um excerto espantoso...e retrata tão bem aquela intimidade!
Sensação boa que ficou agora...

10:07 PM  
Blogger Joana said...

que ternura!
:)
e é tão verdade, verdadinha, verdadeira...
ai! (suspiro, seguido de sorriso tótó)
bjs

4:04 PM  
Anonymous Anonymous said...

Falar de sentimentos de forma única e soberba cabe apenas aos eleitos, a quem não é eleito cabe-lhes a vénia e o agradecimento. Por isso, agradeço a todos os escritores que escreveram sobre emoções que nunca consegui verbalizar até os ler.

11:07 PM  

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