Wednesday, March 23, 2005

O meu casaco de pelo de carneiro

As meninas indie que me acompanharam ontem:
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Voltei, säo e salvo de Bremen. Estar numa cidade que totalmente desconheco é complicado, mas estar numa cidade que totalmente desconheco e näo saber absolutamente nada da língua é ainda pior.

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Descobri a parte velha, após me ter perdido duas vezes - algo já calculado - e gostei imenso. Ruas muito estreitas, janelas sem cortinados, pessoas com lojas dentro de casa. Näo havia uma pessoa antipática, mesmo näo sabendo eu falar alemäo, tentavam encontrar um idioma comum para que pudéssemos entabular conversa, nem que por breves dois minutos. A loja de modelagem ficou com o meu coracäo, e apesar de eu näo gostar muito de o fazer, sei quem gosta e quem vai adorar os presentes (sorriso grande). As fotos ficaram todas mui, mui bonitas, e isto sem falsas modéstias. Apanhei uma feira de flores, mas já estava no fim.
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Voltei-me a perder: mas näo me importo, estava feliz por ir ao sabor dos ténis e das várias línguas que ouvi falar. Obrigacäo, comprar um casaco. Numa das lojas conheci um equatoriana com quem conversei em espanhol durante algum tempo, acho que ficou feliz por ter alguém que soubesse arranhar a sua própria língua.
Näo havia casaco para ninguém, näo encontrava loja alguma; casualmente entrei numa loja de música, maldito hábito este de comprar cd's, e descobri no primeiro andar uma loja de roupa dps 70's e dos 80's. Estava salvo, descobri o casaco da minha vida, um casaco de bombazina castanha com o forro de pelo de carneiro, näo mais passaria frio aqui. O casaco fica-me um pouco apertado e um pouco curto nas mangas, mas gostei tanto dele, e disfarca bem (sorriso maroto).

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Uma foto com dedicatória, ao Oki pela t-shirt e pelo sushi:
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Foi triunfalmente que saí da zona velha, com o meu novo casaco vestido, uma amiga equatoriana e os ténis a encaminharem-me para a Hauptbanhof. Entrei no comboio, uma ou duas fotos, os The Amps a cantar para mim. Encostei a cabeca ao vidro e cochilei.
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O sol escondia-se atrás das nuvens e eu atrás das pálpebras


P.S. Num dia de sol, a passear de bicicleta no dique...
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Monday, March 21, 2005

Malas, Frio, Comida, Vícios, Tim Burton, The Cure e as Meninas Indie

Está frio. Não trouxe roupa. Durante alguns dias fiquei com mala presa em Munique. O Oki emprestou-me uma t-shirt. Não foi bem o começo de férias que esperava, mas as coisas são assim. Estava tudo a correr tão bem, tenho que sempre ter algum a azar, mas foram só dois dias.

As primeiras impressões ficam muito por uma cidade industrial, mas não poluída o que é, totalmente, uma antítese. Mas até se respira ar muito fresco, demasiado fresco. Há muita água, há um porto enorme. Muitos barcos, gaivotas e uma praia. Andei de bicicleta no dique: com isto gelei as orelhas, o nariz e fiquei com as pontas dos dedos roxas. Felizmente havia uma garrafa de vinho de Portalegre para aquecer por dentro e por fora, mas acho que não fez grande sucesso.

Os menus: massa com vegetais, sushi, frango tostado no forno, legumas salteados.
Ingestões frequentes: chá, soya sauce, cenouras, legumes de nome desconhecido.
Tabaco: o típico amsterdamer, mas com mortalhas pequenas OCB e filtros zig-zag.
Álcool: dois copos de vinho espanhol, uma cerveja de trigo, 9/10 de uma Beck's e um copo e meio de Terras de Baco de 1999.

Como o fim-de-semana acabou hoje fiquei por mim. Fui procurar um bar que vende cd's muito baratos,ou seja, Ella Fitzgerald por dois euros. Estranho. Não encontrei. Voltei tudo para trás e fui para o parque. Árvores nuas atiram-se para o caminho, fazendo lembrar as envolventes florestas que o Tim Burton cria; e os corvos, saídos de um livro do Edgar A. Poe. Arrepiante, mas aos ouvidos levava as minhas meninas indie a cantar melodias estivais. Começaram-me a doer os ouvidos e voltei para trás.
No retorno encontrei uma loja de discos em segunda mão, com dois fulanos ao balcão que pareciam saídos de um filme americano dos anos setenta, daqueles meio hippies e completamente charrados; e a loja não enganava ninguém. Comprei o «Boys Don't Cry», viva os The Cure.

Amanhã vou-me perder em Bremen, vou passear sozinho, de comboio e a pé.
Mas as meninas indie vêem comigo.

Sunday, March 13, 2005

O Casamento

(ou pelo menos era o que parecia)

O ambiente não era exactamente o de um casamento, mas para estarmos assim todos juntos só podia; para lá estar quem estava. Pelo princípio, a coisa foi assim; esta noite consegui deitar-me mais cedo mas não foi por isso que acordei mais cedo, consegui dormir até mais tarde.
Já depois de ter acordado pela primeira vez, isto de manhã, tive um sonho muito engraçado. Um sonho onde estavam muitas pessoas conhecidas. Havia uma mesa grande onde estavam todos sentados: mas a função ainda não tinha começado, os pratos estavam vazios e havia muitos lugares também vazios. Encontrei namorados de amigas minhas, pessoas que nunca conheci, amigos que há muito não vejo, mas de quem recorrentemente me lembro. E fiquei feliz, por saber que amigas minhas fizeram a escolha certa, que amigos meus estão bem.

Calculo de quem seja o casamento, isso pelas pessoas que lá estavam.
Já fui tão céptico, agora menos. Aprende-se a perceber muitas coisas, enfim.
Como o José Saramago falou e o Jorge Palma cantou:

"Por isso eu tornei-me um optimista céptico
É bem melhor que um céptico optimístico."

E assim sendo, tudo fica dito.
Felicidades para todos.

Saturday, March 12, 2005

Acordar cedo ou começar o dia pelo fim

Acordei cedo com a sensação de não ter dormido, com a sensação de ressaca. Não dormi quase nada e acordei com os olhos inchados.

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A vontade de voltar a dormir é maior, coktails de vodka e valium e volto ao caminho certo. Certo é que levei um bofetada só de pensar nisto. Nem uma pinguinha de vodka, nem meio valium. Obrigo-me a estar acordado com a permanente sensação de que só consigo dormir quando não posso e quando posso não consigo.

Juntam-se três horas de sono no total, agita-se bem. Vodka servida em copos de pé alto, valium na casa de banho, tirado à pressa das pequenas paletes. Isso seria um fim de noite num filme boémio em Praga ou Sófia ou Budapeste, não interessa. Depois das misturas, o hotel e sexo sem noção. Acordar nú e não saber porquê.

E o sono viria; ao contrário, esta nevoada manhã, tão comprida.
Esta conversa está a ser incongruente ou incoerente? Preciso mesmo de dormir.

Linhas Enleadas

Estou a uma semana de viajar. Não vejo o tempo a passar.

Deixei-me dormir no sofá, antes das 22h. Mesmo assim consegui levantar-me e sair, apenas para rever as pessoas, porque os lugares pouco ou nada me dizem. Estranho, poucas as pessoas as que estavam, não dando sentido algum aos lugares que suporto por elas os preencherem. Hum, uma espécie de exercício, deixo-me ficar: deixei-me ficar. Vim cedo para encontrar o mac à disposição. Ultimar apenas uns downloads, aqueles que ouço agora. Girl In A Box, Blake Babies.

Vim cedo para me deitar cedo - os olhos continuam vermelhos - as olheiras cresceram tanto. Nem pareço eu. Enfim, resultados de pouco sono. E venho para dormir e deixo-me ir ficando, ficando. São 04.38h, deito-me ainda mais tarde do que num dia normal e embora saiba que amanhã não tenho que me levantar às oito, nem tenho que ir trabalhar, vou acordar cedo: a minha biologia e fisiologia assim o obrigarão, não conseguirei ficar na cama.

Hei-de descansar quando viajar. Não hei-de descansar sozinho, nos braços de alguém.
O sono pesa, são mais os erros que as palavras certas no ecrã.

A canção:
"I hope I die in the night time,
With the TV on and a beer in my hand,
And you by my side."

Sunday, March 06, 2005

Lisboa sem Fnac

Estou de saída de Lisboa, fim de semana rápido, muito rápido. Houve ainda tempo para a nostalgia do Bairro Alto e do Bar dos Artistas. Corri mais dois bares, mas é esse primeiro que me fica sempre na memória, que na memória encontra os melhores sorrisos ao som de mojitos e caipirinhas, regados com Amsterdamer e com o fumo de jazz dos anos quarenta.

No estômago juntei vinho, bacalhau, caipirinha, cerveja e ao chegar a casa leite. Não fui à Fnac, não fui a centros comerciais, o Ikea não conta. Estive lá e jurei voltar lá só mais uma vez, estava prometida, mas a minha ansiedade não suporta a violência dos ímpetos consumistas de sábado à tarde.

Estou sentado no chão da sala, de pernas cruzadas,a escrever em computador alheio em casa da minha irmã; lá longe, da cozinha, está o Chico Buarque a cantar a Ode ao Malandro. Há o cheiro a café e já sinto a pressão da pressa de ir embor nas minhas costas.
Hoje acordei cedo e comprei um cd; mas não fui à Fnac.